Ná Ozzetti revisita Elizeth Cardoso em “Canção do amor demais, outra vez”

Clássico da MPB atemporal, o disco “Canção do amor demais”, de Elizeth Cardoso saiu por um pequeno selo dedicado a literatura, Festa, de Irineu Garcia, em 1958. Trazia a obra de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e ainda, em duas faixas, “Chega de saudade” e “Outra vez”, o acompanhamento do revolucionário violão bossanova de João Gilberto.

Nos 60 anos do movimento, a cantora paulistana Ná Ozzetti, projetada pelo vanguardista Grupo Rumo, revisita este repertório, nos shows “Canção do amor demais, outra vez”, dia 8 próximo, no Instituto Moreira Salles carioca, na Gávea e, dia 10, no IMS de São Paulo, na Avenida Paulista. Ela se apresenta com arranjos e violão do irmão, o também modernista Dante Ozzetti, guitarra e violoncelo de Mario Manga (de outro grupo da vanguarda paulistana, Premeditando o Breque) e mais Zé Alexandre Carvalho (baixo acústico), Fernando Sagawa (sopros e teclados) e Sergio Reze (bateria), este só na exibição paulista.

Dante desenvolveu novos arranjos para cada uma das faixas do disco, que tinha ainda “As praias desertas” (só de Tom Jobim), “Serenata do adeus”, “Medo de amar” (ambas só de Vinicius de Moraes), “Caminho de pedra”, “Luciana”, “Janelas abertas”, “Eu não existo sem você”, “Estrada branca”, “Vida bela”, “Modinha” e “Canção do amor demais” (todas da dupla). Ex-taxi-girl de dancings, descoberta por Jacob do Bandolim, a “Divina” Elizeth como era chamada, desenvolveu uma longa carreira sempre pautada pela escolha rigorosa de repertório, do samba ao choro, bossa, sambalanço, samba canção e até as ‘Bachianas Brasileiras no. 5”, de Villa-Lobos, que levou ao Theatro Municipal do Rio e de SP, em 1964. O acervo de Elizeth foi adquirido pelo Instituto Moreira Salles em 2003. São centenas de documentos, fotografias, discos pôsteres, partituras, objetos pessoais e fitas gravadas. Ao longo da apresentação serão projetadas algumas imagens dessa coleção.