Jogada de Música

Naná e Airto no ritmo da bola

quarta, 01 de janeiro de 2020

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O pontapé inicial de 2020 será com dois craques do ritmo que bem poderiam nomear uma daquelas duplas inesquecíveis de meio-campo dos nossos campos: Naná e Airto. Naná Vasconcelos, falecido em 2016, e Airto Moreira, sempre deram show de bola nos palcos e não é por acaso que são considerados dois dos maiores percussionistas do mundo. O que poucos sabem, ou se lembram, é que ambos levaram seus imensos talentos para o mundo musical do futebol. Com carreiras mais valorizadas no exterior do que no Brasil, Naná e Airto são duas lendas da percussão mundial, utilizando todo tipo de instrumentos, inclusive a voz.

BUSH DANCE (faixa 9)

O pernambucano Naná, infelizmente falecido em 2016, mostrou pela primeira vez seu “Futebol” no álbum “Bush Dance”, de 1986, ano da segunda Copa do Mundo disputada no México. Ela seria regravada em 2002, outro ano de Copa, no CD “Minha lôa”. Torcedor do Santa Cruz, do Recife, este ritmista que tocou com outros grandes nomes da música brasileira, como Milton Nascimento e Egberto Gismonti, só para citar dois, e estrangeiros, como BB King, David Byrne, Jean-Luc Ponty e Pat Metheny, entre outros, faz com a voz o som da torcida e clama nesta música pelo futebol-arte: “Não deixe o futebol perder a dança, nem perder esse sorriso de criança”.

Às vésperas da Copa das Confederações disputada no Brasil, em 2013, o pernambucano encerrou um texto que escreveu para a revista “Veja” fazendo uma tabela entre a música e o futebol: “Na música, o primeiro instrumento é a voz e o melhor instrumento é o corpo. No futebol, o primeiro instrumento é a bola e o melhor instrumento é o corpo. Creio que, como na música, os reflexos devem estar vivos, prontos para atingir o objetivo final. Das artes, a música é a mais imediata, porque mexe com os sentimentos. No futebol, o sentimento mais almejado é o da alegria do gol, da vitória que sempre engrandece o povo: “Não deixe o futebol perder a dança””. Golaço, aço, aço de Naná!

LIFE AFTER THAT (faixa 8)

Catarinense de Itaiópolis, cidade com muitos descendentes de poloneses, Airto Moreira, de 78 anos, também mostrou que o seu ritmo bate uma bola redonda. Como em “Mulata and futebol”, um sambão que gravou no CD “Life after that”, de 2003, e que termina com Airto narrando um gol imaginário, como muitos que marcou ao longo de sua brilhante carreira musical.

Em 2002, ano em que a seleção brasileira se tornou pentacampeã mundial, Airto participou do CD “Mondo Head”, do grupo japonês Kodo, tocando em três faixas com composições suas: “Sange” (em parceria com Giovanni Hidalgo e Mickey Hart), “Maracatu” (com Kodo, Linda Tillery, Mickey Hart, Giovanni Hidalgo, Joey Blake, Sean Beresford, Rhonda Benin e Mike Freitas) e “Berimbau Jam”. E foi com “Maracatu” que Airto e o Kodo se apresentaram na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2002, realizada em Seul, Coreia do Sul, minutos antes de a França, então campeã mundial, ser surpreendentemente derrotada pelo Senegal, por 1 a 0.

Busquei esta música em vários locais e não consegui encontrá-la inteira. Mas quem quiser ouvir 30 segundos da faixa e depois comprá-la ou mesmo o CD inteiro, é só clicar no link abaixo:

https://www.amazon.com/Maracatu-Album-Version/dp/B071RJC28L

Para terminar esta primeira coluna do novo ano, gostaria de desejar a todos muita paz, saúde e prosperidade. E que possamos ter em 2020 mais respeito e atenção pela nossa Cultura, nossa Arte, nossa Música e o nosso Futebol. Assim seja!

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