Supersônicas

Novas músicas de brinquedo do Pato Fu

por Tárik de Souza

terça, 12 de setembro de 2017

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A bunda de uma galinha de borracha virou zabumba, no pornoxote “Severina Xique Xique”, sucesso do paraibano Genival Lacerda. Um stylophone já usado por David Bowie em seu espacial “Ziggy Stardust” faz o solo de guitarra em “I saw you saying”, no inglês propositalmente macarrônico dos brasilienses Raimundos. Essas e outras traquinagens, escoltadas por instrumentos feitos para crianças, saltitam de “Música de brinquedo 2” (Deck), do grupo mineiro Pato Fu.

Mas, como na primeira edição lançada há oito anos, não se trata simplesmente de um disco infantil, embora haja um coro espontâneo de crianças (“na maioria filhos dos primeiros membros de fã clubes do PF”) zoando em várias faixas. O repertório tem desde o picante “Severina” (do refrão dúbio, “ele tá de olho é na boutique dela”) ao hit ultrabrega da dupla Jane & Herondy, “Não se vá”. Do samba sincopado “Kid Cavaquinho” (João Bosco/ Aldir Blanc), sucesso de Maria Alcina, ao sarcástico “Rock da cachorra”, de Léo Jaime, estouro de Eduardo Dussek e os Miquinhos Amestrados: “Troque seu cachorro/ por uma criança pobre/ seja mais humano/ seja menos canino/ dê guarita pro cachorro/ mas também dê pro menino”.

Fernanda Takai (principais vocais), os músicos John Ulhoa e Ricardo Koctus formam o núcleo central do grupo, que se esbalda em saxofones de plástico, kazoos, pianinhos de 1,99, ao lado de Glauco Mendes (bateria), e Richard Neves (teclados).

O roteiro ainda desencava “Datemi um martelo”, sucesso sessentista da estrelinha italiana Rita Pavone, versionado de uma canção de protesto americana de Pete Seeger e Lee Hays, a Rita Lee ecológica de “Mamãe natureza” (“é que eu sei que/ não adianta mesmo a gente chorar/ a mamãe não dá sobremesa”) e o apropriado Gilberto Gil pop de “Palco”: “Subo nesse palco/ minha alma cheira a talco/ como bumbum de bebê”. 

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