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Novembro é mês de Nogueira e Viola

sexta, 12 de novembro de 2021

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Deve existir alguma razão oculta para João Nogueira e Paulinho da Viola terem nascido no mesmo dia. Pode ter sido piração dos astros – bêbados de samba –, a mão invisível do poder da criação ou simplesmente mote para a roda do Bip Bip subir a porta de aço, depois do jejum pandêmico, para homenagear os dois. 

Ambos nasceram num 12 de novembro que nem este. O Nó-na-madeira em 1941; Paulinho um ano depois. João atravessou o samba e nos deixou órfãos de sua voz, cadência e carisma há 21 anos. Da Viola está entre nós, debochando do papo furado de que o samba acabou.

Nesse 12 festivo, a roda o tradicional bar Bip Bip, reduto do samba em Copacabana e ponto festejado no Rio, no Brasil e em diversos cantos do mundo, reabriu as portas e promoveu uma inesquecível noitada de samba, com os muitos da casa ao redor da mesa e uma multidão na porta do bar, na rua Almirante Gonçalves e nas ruas em volta.

Neste mesmo dia, foi lançado nas plataformas digitais o álbum "Nascido no subúrbio", bela, oportuna e histórica homenagem ao cantor e compositor João Nogueira, também por conta dos seus oitentinhas. O trabalho é obra e arte do cantor Didu Nogueira (sobrinho de João) e do violonista e compositor Jorge Simas (velho companheiro de estradas do Nó-na-madeira do Méier). O disco, com capa inspiradíssima do genial Mello Menezes, tem apresentação de Adelzon Alves e arranjos de Cláudio Jorge e Marinho Boffa, entre outros.  

João Nogueira e Paulinho da Viola são, por todos os ângulos que se enxergue a música brasileira e sua resistência, dois gigantes. João foi dono de uma das mais expressivas, vibrantes, suaves e transparentes voz do nosso cancioneiro, foi um compositor inspirado (especialmente em suas parcerias com Paulo César Pinheiro) e um boêmio-folião-festeiro como as mesas do Alcazar, do Lamas e do Bar Luiz jamais verão. Paulinho, com sua elegância de príncipe e de menestrel no compor e no cantar, se mantém um símbolo do que o Brasil tem de melhor.

No mês que a musicalidade poética de Gilberto Gil o levou à imortalidade da Academia Brasileira de Letras, temos mais um motivo para festejar o nosso cancioneiro, sua riqueza e preciosidades. Neste momento e sempre, goste-se de música ou não, de poesia ou não, ser contemporâneo de Gil, de Paulinho e de João (pois sua arte transcende e continua firme e forte entre nós) só pode ser motivo de orgulho. É motivo de orgulho.

Viva a música brasileira e viva eles: o que partiu, o que ficou, os que virão.


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