Colunista Convidado

O dia que um dos colunistas do IMMuB deu um "rolê" com Dorival Caymmi

terça, 19 de dezembro de 2023

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Com Rildo Hora e Marcia Tauil, o dia que vi Caymmi virou canção

O lançamento nas principais plataformas digitais aconteceu dia 8 de dezembro de 2023

O dia que vi Caymmi não teve nada de especial mas, teve tudo de especial. Afinal de contas era Caymmi, em pessoa, um dos fundadores da moderna música popular brasileira.

O acaso me tornou amigo de Denise Caymmi, uma das filhas de Nana. Minha filha Karolina, e as filhas de Denise, Marina e Carolina, estudavam na mesma escola. Karolina e Marina faziam teatro.

Em 1997 Denise me convidou para o coquetel de lançamento do álbum "No Coração do Rio", de Nana Caymmi, na Churrascaria Marius, no Arpoador, na Rua Francisco Otaviano. Apesar de fã de MPB, nunca fui amigo de nenhum outro Caymmi, só de Denise. Confesso que no tempo que Denise trabalhava direto com a mãe, fui a zilhões de shows. Quase sempre encontrava nos camarins a Delegada Monique (de Copacabana) e a novelista Glória Perez. Mas, nunca falei mais de dez palavras com Nana.

O combinado que eu deveria  ir com Carlos Henrique, ex-marido de Denise, depois que Denise e a mãe já haviam partido para o coquetel. No caminho para a churrascaria, Carlos Henrique falou que tinham que passar no velho. E lá fomos nós. Chegando na rua Souza Lima, em Copacabana, a supressa. Quando o carro parou e Carlos Henrique abriu a porta, o velho era ele mesmo: Dorival Caymmi. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Uma surpresa.

Muito afável, o velho Dorival, se colocou disposto a conversar. E nós lá  falando sobre a capa do disco Canções Praieiras, Pierre Verger, Caribé.... O percurso entre a casa dele e a churrascaria era curto mas,  meio complicado. Carlos Henrique acabou se confundindo e a viagem demorou um pouco mais para meu deleite.  A conversa não foi longa. Caymmi gostava de prosear. Foram poucas palavras, o tempo foi curto, mas, certeiras no ouvido daquele fã que nunca havia imaginado que isso seria possível.

Ao chegarmos  na churrascaria fomos recebidos pelo próprio Marius, que se ajoelhou na frente de Caymmi. E o que Dorival faria lá? Ficar ao lado de Nana durante os autógrafos. O local cheio e os dois lá. E eu perguntei, como vai ser? Carlos Henrique, já tarimbado com essas dinâmicas falou:  a hora que ele levantar sorrindo, a gente vai lá e pega ele para  voltar pra casa.  Eu custava a acreditar que seria assim. E assim foi feito.

Claro que a cena ficou impressa na memória. Durante alguns anos  fiz repetidas postagens, praticamente com o mesmo texto,  contando o dia que andei de Fusca com um dos mestres de João Gilberto.

Em 2023, Rildo Hora se ateve ao texto e achou que daria uma letra para uma canção em homenagem ao mestre Caymmi. O texto estava grande. Me pediu para adaptar. Feita a adaptação ainda não tinha acertado. Nesse momento, pedi  para a cantora e compositora Marcia Tauil, já tinha no currículo parcerias com Roberto Menescal, para me  auxiliar na adaptação da letra.

Feitos os ajustes, nós três gostamos e Rildo passou a construir a música. 

Vamos lançar? Com a Márcia cantando. Feita a voz guia com o violão sinuoso de Felix Junior, Rildo percebeu que o arranjo deveria partir dele, daquele violão.  Na troca de impressões resolvemos convidar mais dois amigos, que além de serem pessoas genais, tem um talento especial para dar molho nas canções: o trombonista Marlon Sette e o percussionista Marcos Suzano. Rildo traçou o que queria e pedimos para cada um deles tocar o que quisesse, da maneira que sentissem. Primeiro foi Suzano. Ouvindo o que Suzano fez, Marlon colocou seu trombone. Tudo pronto, Rildo foi e colocou sua gaita. O Fusca que andei com Caymmi estava quase pronto para ir para o universo. Tudo com o esmero de Misael da Hora e Sidney Campos na técnica e o JG Junior, na mix, master e produção final.                             

Sem modéstia, ficou muito legal. Ah... e a Denise Caymmi entrou novamente na história. Que imagem usar? Em uma expedição especial em seus arquivos, Denise achou a foto que estampa o single. O dia que vi Caymmi não teve nada de especial mas, teve tudo de especial. E bota especial nisso !

Célio Albuquerque, Márcia Tauil e Rildo Hora

O Fusca

O dia que vi Caymmi

Composição:
Rildo Hora, Marcia Tauil  e Célio  Albuquerque

O mar também é Caymmi
Caymmi também é o mar
Caymmi é Buda Nagô
É Deus compositor
O amor é Caymmi
E Caymmi é o amor

O dia que vi Caymmi
Sem mantos
Sorriso de abrolhos 

Camisa de flor
Cheiro bom
Caminhos de mar nos olhos

Palavras poucas certeiras 
E vontade de infinito
Andei de fusca com ele, Morena
Ah, como foi bonito


Ficha técnica

Marcia Tauil: Voz                                                               

Rildo Hora: Gaita 

Felix Junior: Violão 

Marlon Sette: Trombone        

Marcos Suzano: Percussão

Misael da Hora, Sidney Campos: Técnica                                            

JG Junior: Mix, master e produção

Arquivo Denise Caymmi: Foto da capa



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