Além da Frequência

O fulgor do nômade espírito de Oswaldo Montenegro

terça, 15 de março de 2022

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Multiartista que completa hoje seus 66 anos, Oswaldo Montenegro é nome presente dentro da arte brasileira e sinônimo de criação, com vívido toque do afeto que transpõe em expressão o que se perfaz em seu caminho.

Nascido no Rio de Janeiro, seus primeiros anos de vida foram pacatos e logo aos 7 anos de idade mudou-se para São João Del Rey em Minas Gerais, cidade onde viveu por 6 anos e que proporcionou seu primeiro contato com a música que era algo comum.

Envolto pelos seresteiros que eram próximos de seus pais que levaram a seresta, tão presente na cultura popular da década, para dentro de casa, assim o ritmo boêmio logo encantou Oswaldo, despertando seu interesse pela música. Além disso, a forte presença da música barroca pelas igrejas é uma constante na obra do músico, como em ‘Leo Bia’ e ‘Cigana’, demonstrando em como suas canções são o reflexo daquilo que o cantador vivenciou.

Assim a cultura popular mineira se entranhou em Oswaldo Montenegro e não demorou para que se iniciasse no meio musical, pois em sua breve passagem de volta ao Rio de Janeiro veio a ganhar seu primeiro festival com ‘Canção Pra Ninar Irmã Pequena’, canção que mais tarde veio a gravar com o nome ‘Canção Pra Ninar Gente Pequena’.

Oswaldo Montenegro então se muda agora para Brasília, ambiente que chegou como um choque total e onde a música o abraçou de vez. Ao contrário do que viveu em em São João Del Rey, na capital brasileira se vivia só, e a falta do contato humano no momento de sua chegada o levou a estudar música de forma profunda, além de sua relação com a família Prista Tavares, da qual fazia parte o Maestro Otávio Maul, tendo assim o seu contato com a música erudita.

Com o passar dos anos, Oswaldo de forma assídua participa de diversos festivais, onde pode conhecer amigos e parceiros que o acompanhariam pela vida a fora, facilitando assim para que começasse a fazer shows e a escrever arranjos para suas músicas.

De forma incessante o artista passou a criar diversas composições, demonstrando seu dom e habilidade com os versos, não demorando para que em 1977 viesse a lançar seu primeiro LP ‘Trilhas’, gravado de forma independente, que se seguiu pelo aclamado LP ‘Poeta Maldito, Moleque Vadio’, este feito em uma gravadora.

Em nada de restrito, Oswaldo sempre procurou se aventurar a diferentes campos das artes, e foi na companhia de seu parceiro Mongol que o artista escreveu e encenou seu primeiro musical, chamado ‘João Sem Nome’ no ano de 1974, sendo o grupo de teatro comparado aos menestréis, que sobre uma carroça, corriam de cidade em cidade, apenas com seus instrumentos, suas vestes e suas vozes, para contar e cantar histórias para plateias. título esse que acompanharia a carreira do músico por muito tempo.

O nomadismo de Oswaldo Montenegro encontrou empolgação pela culturalidade brasileira, pelas mais diversas facetas que a arte se expressa e manifesta no país, e sua sede por conhecer pessoas e lugares proporcionou uma riqueza artística ímpar, com uma ampla visão de tudo que pode absorver pelo seu caminho.

Ao seu lado inúmeros nomes consagrados passaram, seja em suas peças ou canções, e essa interação foi a chave para tanto movimento acontecer, sendo possível enxergar a comunidade própria que Oswaldo criou, livre de formas.

Por onde se seguiu, a transformadora visão desse artista marcou gerações, e hoje, ao olhar sua contribuição para a arte brasileira, com mais de 40 discos lançados, trilhas para peças de teatro e novelas, sendo diretor de 4 filmes e diversas peças e séries, Oswaldo Montenegro se mostra envolto do que semeou, sem deixar que aquele brilho pela arte se apagasse.

Tendo suas canções o teor de autobiografia por atravessarem por suas vivências, Montenegro é um cantador de seus passos, que de forma sutil dedicou sua vida pela arte, e que possibilitou o diálogo das mais variadas manifestações culturais do país, e apresentou a arte como sendo uma só!

O fulgor da seresta tornou possível a sensibilidade próxima ao peito de Oswaldo Montenegro, que sempre seguiu em busca de aventura para que a vida acontecesse.


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