Supersônicas

O paulistano Carlinhos do Cavaco exalta o samba em “Meu nome é cavaco”

terça, 27 de março de 2018

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Natural do bairro de Vila Maria, o cantor, compositor e instrumentista Carlinhos do Cavaco (Francisco Carlos Circio) é uma voz eloquente do samba paulistano. Em 1997, estreou com “Carlinhos do Cavaco”, indicado para o então Prêmio Sharp na categoria revelação. Seu segundo álbum, Mensagem de Bamba (2013), teve participações e parcerias de ases como Wilson Moreira, Nei Lopes e Quinteto em Branco e Preto. Ele agora lança o manifesto autoral Meu nome é cavaco (Batuques Produções/ Tratore) cercado de conterrâneos militantes do gênero como o lendário Oswaldinho da Cuíca, Arnaldinho do Cavaco, os bateristas Jorge Gomes, Edu Peixe e Diego França, os flautistas Daniel Allna e Rodrigo Y Castro, o clarinetista JG Alves e Chanel Rigolon (cavaquinho, banjo). Os arranjos são do maestro e violonista Edmilson Capelupi, a quem o disco é dedicado.

“É garantido que as minhas idéias como compositor serão mais valorizadas na mão dele. Por isso, quis fazer esse agradecimento”, exaltou.

Também convocado, o violeiro Levi Ramiro (“ele tem um trabalho gigante de resistência musical das nossas raízes rurais") encordoa o anfíbio “Pagode cururu”, rotulado no encarte como “samba caipira”, que lembra o calango fluminense, de letra matuta: “na beirada da estrada/ tem foia moiada que o orvaio moiô/ tico-tico e bem-te-vi/ na relva do pasto meu sinhô”. Carlinhos homenageia o lendário carioca Zé Kéti (1921-1999), cujo apelido derivou da expressão que deu título ao samba, “Zé Quietinho” (“me chamou prum samba em Cascadura/ vou levar a Dona Jura/ ela gosta de sambar”) e o estilo coloquial de Paulinho da Viola em “Rosa rainha”. Mas as louvações principais vão para o próprio gênero, centenário desde o ano passado, em faixas como “Avante, vamos cantar...” (“parece que lá vem a alvorada/ e o nosso samba continua"), que evoca o clássico “Alvorada”, de Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho, “Hoje tem balangandãs” (“viva o samba/ e essa gente/ que tem seu valor”), “Entra na roda baiana” (“e vem sambar/ mexe o seu corpo morena/ sambando pra lá e pra cá”), “Eu ouvi um batuqueiro” (“tocando pandeiro/ querendo sambar”), além de “Eu fico alegre a sambar” e “Pra sambar, pra cantar”, (parceria com Nilton Pinheiro).

Paulista da linhagem do samba carioca, como “Nesse pagode eu vou” e “Eu tiro a poeira da minha viola”, Carlinhos também é adepto da ironia fina dos bambas, em “Nem todo baiano toca berimbau”: "Nem todo paulista é da capital/ nem todo malandro é considerado/ nem todo carioca é rapaz folgado”. 


Fonte da imagem: Tratore | Capa do álbum "Meu Nome é Cavaco"


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