Tema do Mês

Os destaques musicais de 2020

terça, 03 de novembro de 2020

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2020 definitivamente não foi um ano agradável. A pandemia do novo coronavírus pegou o mundo inteiro de surpresa e fez a gente ter de se adaptar a um novo estilo de vida repleto de restrições. 

Mesmo com esse cenário caótico, que desencadeou crises em diversos setores, a música conseguiu  - como sempre - se reinventar e se adaptar ao “novo normal”. Lives, projetos especiais, álbuns surpresa, turnês virtuais… enfim, novos formatos surgiram e conseguiram impor um ano de boas novidades, apesar das dificuldades. 

Reunimos aqui alguns artistas que se destacaram de alguma forma este ano e ajudaram a tornar nossa quarentena mais leve e suportável. 

O fenômeno das lives

Sem dúvida, a principal contribuição dessa pandemia para a indústria do entretenimento foi a popularização das lives, ou seja, transmissão ao vivo por redes sociais, sobretudo Instagram ou YouTube. O formato foi acatado com especial entusiasmo pelos brasileiros. Fenômenos como Marília Mendonça, Jorge & Mateus, Gusttavo Lima e Leonardo bateram recordes e atraíram mais de 3 milhões de espectadores para seus shows virtuais. 

Mas quem se tornou sensação foi Teresa Cristina, coroada pela Internet como a “Rainha das Lives”. Desde março, no início da pandemia, a cantora vem realizando transmissões diárias em seu Instagram que se tornaram ponto de encontro dos amantes da música brasileira. Em um clima descontraído e sem grandes produções, ela homenageia os mais diferentes nomes da música brasileira e recebe inúmeros convidados, que vão de novatos até artistas consagrados como Djavan, Chico Buarque, Ney Matogrosso, Marisa Monte, Marina Lima e muitos outros. 

Como resultado, ela viu seu número de seguidores crescer exponencialmente e ganhou o primeiro patrocínio de sua carreira. 

Teresa Cristina e Chico Buarque em uma de suas lives. (Foto: Reprodução) 

Além dela, foi também uma grata surpresa quando artistas de outras gerações, muitos ainda sem intimidade com as redes sociais, presentearam os fãs com suas lives. É o caso, por exemplo, de Simone, que sempre evitou o mundo virtual e agora passou a fazer transmissões semanais, que acontecem todo domingo em seu Instagram, e Caetano Veloso, que depois de muita resistência fez uma apresentação memorável ao lado dos filhos, transmitida pelo canal de streaming Globoplay. 

Isso sem contar outros grandes nomes que se renderam ao formato, como Leila Pinheiro (que também faz lives semanais, aos sábados), Roberto Carlos (um dos primeiros de sua geração a se aventurar no formato), Alcione, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Gal Costa, Elza Soares e tantos outros. 

Lançamentos do ano

Com a impossibilidade de turnês de divulgação, muitos trabalhos previstos para este ano foram adiados indefinidamente. Mesmo assim, 2020 está se encaminhando para o fim com bons lançamentos no currículo.

O álbum “Acorda Amor”, lançado em janeiro, é certamente um dos pontos altos do ano. Fruto de um espetáculo idealizado em 2017 por Décio 7, Devanilson Furlani e Roberta Martinelli, o projeto reúne as cantoras Maria Gadú, Liniker, Luedji Luna, Xênia França e Letrux em um um repertório de 16 canções que falam sobre resistência e liberdade, compostas em épocas e por autores diversos. Aclamado pela crítica e pelo público, já é um trabalho antológico.

As cantoras do projeto "Acorda Amor" (Foto: Divulgação)

Letrux também lançou o seu aguardado segundo disco solo, que veio ao mundo em março, em plena sexta-feira 13, na semana em que grande parte do Brasil decretou a quarentena e a suspensão de inúmeras atividades comerciais e grandes eventos. Intitulado “Letrux Aos Prantos”, o álbum agradou os fãs da sonoridade “estranha” de seu antecessor, o “Noite de Climão”, e fez muita gente apostar em premonição, pela coincidência do clima do novo trabalho com o momento de tristeza e ressaca moral vivido pelo mundo. 

Gilberto Gil foi um dos artistas mais ativos em 2020, apesar da quarentena. Mesmo sem conseguir encerrar a turnê de “OK OK OK”, ele nos brindou com uma série de novos lançamentos. Em abril, saiu o vigoroso álbum “Gil Baiana Ao Vivo Em Salvador”, registro do poderoso encontro com o BianaSystem em show na Bahia feito em 2019. Mais recentemente, ele ainda divulgou dois EPs: “Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo - Extra”, com sobras inéditas do registro de turnê homônima de 2012, e “Gil & Flor - De Avô Para Neta”, no qual apresenta ao público sua neta Flor Gil


É possível citar ainda muitos outros, como Ney Matogrosso (que lançou o registro da turnê “Bloco Na Rua”), A Cor do Som (que se reuniu para o lançamento do “Álbum Rosa”), Luana Carvalho (que lançou um tocante tributo à sua mãe Beth Carvalho, intitulado “Baile de Máscara”), Bethi Albano (que teve sua estreia solo com o álbum “Embrulha Pra Presente”) e muitos outros. 

Produções da quarentena 

Se a pandemia significou impedimento e reclusão para alguns artistas, para outros serviu de inspiração para novos trabalhos, que refletiram em tempo real o momento histórico que estamos vivenciando. 

Da experiência de se isolar no meio do mato, por exemplo, resultou o álbum “Amorantanhês”, de Bernardo do Espinhaço, que reflete sobre o seu bucólico período de isolamento social na região serrana. 

Quem também surpreendeu foi Adriana Calcanhotto, que menos de um ano após o lançamento do álbum “Margem”, produziu remotamente, em poucas semanas, o disco “Só”, que também ganhou uma versão visual, gravada no quarto da cantora. As músicas refletem sobre o mundo e as experiências pós-covid. Os “panelaços”, a solidão, a saudade da rua, está tudo representado em letras como “Ninguém na rua”, “O que temos” ou “Lembrando da estrada”. 

Capa de "Só", o álbum da quarentena de Adriana Calcanhotto (Foto: Reprodução)

Em setembro, ela realizou no Teatro Riachuelo (sem plateia) a transmissão ao vivo do espetáculo “Um show só”, baseado nas novas canções, que ela caracterizou como “a turnê mais curta do mundo”. 

Muitos outros artistas se inspiraram no mesmo mote e em suas impressões pessoais sobre a quarentena e o isolamento social para compor novos singles que refletissem sobre o momento presente, como Leo Fressato em “Pandemia”, Arthus Fochi em “Quarentena” ou Pedro Mann em “Pela janela”

O fato é que em um ano difícil a música brasileira provou mais uma vez que é uma das grandes fontes de alegria do país. Afinal, em tempos como esse, o que seria de nós sem os artistas?

Lembrou de mais alguma novidade que marcou 2020? Deixe nos comentários! :D 

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