Supersônicas

Os Paralamas emitem “Sinais do sim”

por Tárik de Souza

terça, 15 de agosto de 2017

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Raro sobrevivente do BRock dos anos 80 ainda ostentando a formação original, o trio Paralamas do Sucesso lança seu 13º disco em 34 anos de carreira, num pique afirmativo, em plena era da desilusão endêmica: “Sinais do sim” (Universal).

Produzidos pelo grifado Mario Caldato Jr. (Beastie Boys, Marcelo D2, Jackie Johnson), Herbert Vianna (guitarra, voz, principais composições), Bi Ribeiro (baixo), João Barone (bateria) trafegam por um repertório muito mais eclético que a filiação inicial ao reggae jamaicano – ainda nítida na faixa de encerramento, “Sempre assim”.

Pelo caminho, há uma canção em inglês de Herbert (“Blow the Wind”), outra em castelhano, “Cuando pase el temblor” (Gustavo Cerati), que reforça a ligação do grupo com o rock argentino, no caso, a banda Soda Stereo, e “Medo do medo”, dos rappers João Ruas e Capicua, de Portugal, verticalizado por efeitos do mago Kassin. “Vou te contar um segredo/ é muito lucrativo/ que o mundo tenha medo/ medo da gripe/ são mais uns medicamentos/ vem outros vírus/ reforçar os dividendos”, atira a letra, num contraponto com o embalo otimista, envolvido por guitarras, da faixa título: “mas se já chegamos até aqui/ ver nascer um novo dia/ não parece tão ruim”.

Já “Itaquaquecetuba”, com o Paralamas sacudido pelo jogo de sopros de Bidu Cordeiro (trombone) e Monteiro Jr. (sax) e os teclados de João Fera, vasculha as memórias nômades da infância de Herbert, um filho de militar em permanente migração (“É Itumbiara, Itaquatiara ou Itaquaquecetuba?/ eu abro mapa/ e busco uma lembrança”).

Também há pegadas amorosas, em “Não posso mais”, “Teu olhar” e “Contraste”, e uma possível profissão de fé, com direito a uma declamação de “Ó sino da minha aldeia”, do poeta luso Fernando Pessoa, em “Olha a gente aí” (assinada pelo trio): “Virando o planeta do avesso/ não lembro, e às vezes esqueço/ onde estou, onde pensava estar/ sob o sol e o brilho da lua/ num salão refinado ou na rua/ ao sabor do vento que soprar”.

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