Cultura

Projeto revela e dissemina a obra do maestro e clarinetista Lourival Oliveira

segunda, 13 de agosto de 2018

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No ano em que completaria 100 anos, o maestro, clarinetista e compositor de frevos de rua, Lourival Oliveira, considerado um dos mais importantes compositores do gênero na sua época, terá sua obra difundida graças ao projeto cultural “100 anos de Lourival Oliveira”, que conta com o apoio do 1º Edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura Música. O projeto, idealizado pelo arquiteto e neto do músico, Gustavo Rocha, que há alguns anos despertou para a importância de revelar ao público as obras e a contribuição deixada pelo maestro à música brasileira, em especial o frevo, contempla uma série de ações em favor da memória do premiado artista. A produção executiva é assinada por Maria Chaves, juntamente com as produtoras culturais, Joana Mendonça e Laura Proto, da pernambucana Proa Cultural, com estudos do maestro e diretor musical, Henrique Albino.

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O repertório é dividido por fases composicionais do maestro e tem cerca de 30 frevos de rua, alguns deles inéditos, com influência de ritmos como o baião, xaxado, os frevos para clarinete e até mesmo as polcas, nas quais ele também compunha com muita maestria, muita inventividade. Para citar as mais conhecidas do grande público são as composições do LP “Os Cabras de Lampião”, lançado pela extinta Rozemblit em 1979, que traz uma série de frevos de rua com nomes de cangaceiros do bando de Lampião (Virgulino Ferreira da Silva). São elas: Corisco, Lampião, Pilão Deitado, Volta Seca, Maria Bonita, Ponto Fino, Sabino, Ventania, Jararaca, Moitinha, Zabelê e Cocada, esta última considerada um clássico obrigatório em qualquer orquestra de frevo. Corisco é outra composição famosa que foi regravada pelo artista multicultural, Antônio Carlos Nóbrega, num disco que rende homenagens ao maestro Louro, que se considerava um pernambucano por adoção.

“Mergulhar no acervo dos tradicionais e antigos compositores de frevo é torná-lo acessível ao público. É a representação em favor da difusão e manutenção não só da expressão musical, mas de todo o sistema de manifestações culturais que compõe o imaginário pernambucano”, considera a produtora executiva, Maria Chaves.

Natural de Patos, na Paraíba, e radicado em Recife, Lourival Oliveira, nasceu em junho de 1918 e faleceu no Recife em junho de 2000 em decorrência de um infarto. Autor de alguns dos mais memoráveis frevos-de-rua da história deste gênero musical foi várias vezes premiado em concursos promovidos pela Prefeitura do Recife e, posteriormente, pelo Frevança, festival com grande repercussão local. Clarinetista e compositor, Louro, como era conhecido, estudou música com Luís Benjamim de 1933 a 1937. Ingressou em seguida na Banda da Polícia Militar de Pernambuco, dirigida na época pelo Capitão José Lourenço da Silva (Zuzinha), onde iniciou a carreira profissional que não dispensou o talento na produção de belas composições que fariam a alegria dos foliões, muitas vezes no anonimato, a exemplo de Cocada. Em 1940 estudou harmonia com Levino Ferreira e com Horácio Vilela no Conservatório Pernambucano de Música. Em 1945, pediu licença da Polícia Militar e integrou por onze anos a Orquestra da Rádio Clube de Pernambuco, então dirigida por Nelson Ferreira, atuando como clarinetista, saxofonista e arranjador. Em 1946, no Rio de Janeiro, participou como clarinetista na Orquestra do Cassino Copacabana. Em 1950 fez seu primeiro frevo, “Frevo 50 a jato”. De volta ao Recife, foi convidado pelo maestro Vicente Fittipaldi, para ingressar na Orquestra Sinfônica do Recife como 1o clarinetista, em 1953. Passou a dirigir a Banda Municipal da Cidade do Recife no ano de 1958. Em 1963 saiu da Orquestra Sinfônica do Recife e da Banda Municipal e entrou para a Orquestra da TV Jornal do Comércio de Pernambuco. Atuou como clarinetista no Quinteto de Sopros do Prof. Wascyli Simões dos Anjos entre 1973 e 1974, posteriormente, como orquestrador e primeiro saxofonista da Orquestra do maestro Nelson Ferreira. Realizou também trabalhos como arranjador tendo alguns deles sidos gravados. Compôs a série de frevos de rua que deu origem ao LP os Cabras de Lampião e, ainda, entre outros, a série de frevos dedicados à Clarineta, numa média de 75 composições próprias. Sempre muito exigente com ele mesmo, Lourival, estudava música todas as manhãs. Quando conheceu o maestro Nelson Ferreira já era um músico reconhecido. Embora sem formação acadêmica, obteve da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) o título de clarinetista e saxofonista.

CONHECIMENTO APURADO - A escolha da dupla de pesquisadores, Jailson Raulino e Henrique Albino, pela produção executiva do projeto foi pensada pelo talento e conhecimento teórico que eles têm acerca do maestro e do gênero musical por ele produzido. Albino é um dos nomes que despontam dessa renovação, pois ele faz um contraponto com os maestros veteranos e é capaz de reinventar a tradição. Quando tinha apenas 20 anos, foi premiado com o terceiro lugar de Melhor Arranjo no Concurso de Música. Já o acadêmico Raulino, um estudioso do gênero, fez uma síntese da vida musical de Lourival na sua tese de doutorado apresentada em 2008 à Universidade Federal da Bahia (UFBA), que tem como tema: “Frevos para Clarineta: uma história de resistência a cada passo”. Para Albino, o projeto tem uma importância significativa, sobretudo pela disponibilização do acervo que hoje em dia mesmo com as novas tecnologias, o público não tem fácil acesso às partituras, pois a grande maioria não é digitalizada.

“Por mais que se tenham orquestras tocando esse repertório, no caso, o do mestre, que é um dos maiores representantes da música pernambucana de raiz, mesmo o pessoal colocando isso a disposição, o fato de não estar digitalizado impede a divulgação, o conhecimento do nome do artista e empobrece a identidade cultural do nosso Estado. Sobretudo o frevo que tem sua tradição escrita”, considera.







Encaminhado por: PROA | Marketing Cultural e Projetos
Fonte das imagens: Divulgação



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