Tema do Mês

RAP Nacional: Um país do Beat com muitos Flows!

TEMA DO MÊS de OUTUBRO!

segunda, 07 de outubro de 2019

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Nos anos 60 aconteceram várias marcos que entraram para a história, sejam eles bons ou ruins: O homem chegou à Lua, o Brasil se tornou bicampeão na Copa do Mundo de Futebol, o embrião da Internet foi criado, fez-se o Muro de Berlim, o Museu de Arte de São Paulo ganhou inauguração, a Ditadura Militar golpeou a pátria amada, o ativista pelos direitos civis Martin Luther King foi assassinado, a banda The Beatles lançou seu primeiro álbum, nasceu o Tropicalismo, o I Festival de MPB teve transmitido em TV e, na terra do reggae, um novo som chamado Rhythm And Poetry ecoou pelo continente. E assim nasceu o RAP!

Ritmo e Poesia, foram esses dois elementos que se tornaram um dos principais símbolos de resistência das populações periféricas e suas manifestações culturais e políticas. Esse recém-chegado gênero musical teve seu impulso 10 anos depois, nos anos 70, quando um grupo de jovens afrodescendentes e espanhóis estavam na busca por um som diferenciado, novo e potente, que fosse forte o suficiente para conseguir transmitir suas mensagens e discursos de protesto, narrando poeticamente as dificuldades, barreiras e o dia a dia dos que viviam à margem da sociedade. Foi assim que o RAP, como conhecemos hoje, ganhou força nos estados Norte-Americanos e, posteriormente, viria a se tornar um dos sons mais legítimos da América como um todo.

Como era de se esperar, a sonoridade de raízes jamaicanas começou a pulsar no coração verde e amarelo, que vivenciava das mesmas dores causadas pelo processo de marginalização dos menos favorecidos, principalmente a população negra periférica. Assim, um ano após o fim da repressão política brasileira, o movimento Rhythm And Poetry surgiu no âmbito nacional. Um dos primeiros a fazer esse estilo musical foi o DJ Theo Werneck, sob as bênçãos do Teatro Mambembe nos anos 80 e, no final dessa década, os primeiros grupos de Rap se reuniram no berço do movimento Punk, a Galeria 24 de Maio. Em 1988 foi lançado o primeiro álbum de Rap nacional, “Hip-Hop Cultura de Rua”, pela gravadora Eldorado com produção de dois integrantes do grupo IRA!Nasi e André Jung.

Com a chegada dos anos 90, o estilo acabou virando um fenômeno nacional, chegando às rádios e principalmente a indústria fonográfica. Os primeiros rappers do país foram Thayde & DJ Hum, ganhando projeção pelo território. A partir daí, outros rappers e grupos surgiram no cenário dos flows e beats brasileiros, como Racionais MCs, Pavilhão 9, Detentos do Rap, Câmbio Negro, Xis & Dentinho, Planet Hemp, entre outros. Assim, a crônica Latina ia sendo escrita através da pluralidade de rimas, batidas sonoras e vivências. 


Em sua evolução, o Rap foi criando diversas vertentes (Trap, Braggadocious, Freestyle, Underground, Político, Horrorcore...); originando batalhas (Santa Cruz, Roosevelt, Matrix, Estação, Real...); dando voz aos que não tinham (Racionais MC’s, Sabotage, MV Bill, Emicida, Criolo, Black Alien, Akira Presidente, Djonga...); ativando os sons da capital brasileira (GOG, Japão, Dino Black, Mano Mix, Tribo da Periferia, Coletivo Emancipa Quebrada...); trazendo a voz de Todos os Santos (MC DaGanja, Coletivo Gamboa de Baixo, Lázaro Êre, Rangel Blequimobiu, Quilombo Vivo, Império Negro, Baco Exu do Blues...) e, com tudo isso, foi mostrando que veio para ficar.

Cada dia mais o Rap vem se consolidando e ganhando espaço na sociedade, porém para além das fronteiras, as minas de ouro vem construindo pontes dentro do próprio movimento para mostrar que Rhythm And Poetry não é só coisa de homem. Quebrando as barreiras de gênero através de suas rimas, as mulheres estão entrando nessa luta para mostrar seus sons. Uma das ferramentas que contribuíram para a democratização desse espaço foi a internet, mais precisamente o YouTube, que possibilitou a divulgação do trabalho criativo e engajado das rappers brasileiras, que somam-se, muita das vezes, ao movimento feminista para propagar sua mensagem.


Garimpando pelo país encontramos Negra Li (uma das principais cantoras de rap com sua bela voz de contralto), Karol Conka (grande representante do rap feminino dos últimos tempos), Lívia Cruz (expoente destaque da presença feminina no hip-hop brasileiro), Flora Mattos (uma das mais promissoras MCs do país), Dina Di (primeira mulher a alcançar sucesso no rap brasileiro), Drik Barbosa (revelação feminina do rap), Tássia Reis (faz do hip hop sua arma contra e à favor do mundo em que seu discurso tão feminista quanto libertário), Luana Hansen (dedica sua música ao protesto de cunho feminista, negro e lésbico), Odisséia das Flores (grupo de luta pela valorização da mulher na sociedade), Brisa Flow (musicalidade livre que fala sobre a sobrevivência da mulher indígena urbana), Preta Rara (fala sobre empoderamento feminino, racismo e experiências vividas), Mc Soffia (rapper mirim conhecida pelas letras de suas canções, que falam sobre distorções sociais graves, como preconceito, racismo, machismo e que incentivam outras garotas a se amarem do jeito que são); entre muitas outras que estão mudando o cenário do Rap Nacional (até porque já passou da hora de entendermos que mulher no rap é o que não falta!).

No mês de outubro, o IMMuB dedica sua pauta ao gênero que tem, em sua poesia, o ritmo que movimenta o país na história e na atualidade. Fica com a gente e conheça mais sobre esse gênero que vem arrastando os jovens para a cultura e emancipando a periferia. Tão rico quanto qualquer outro que temos a honra de possuir em um país altamente cultural - não só verde e amarelo, e sim, que abraça todas as cores. Acompanhe nossas redes (Facebook, Instagram) e aqui no site, porque a partir de agora A MEMÓRIA MUSICAL PERTENCE AO RAP!


Texto por: Gabriela Rodrigues
Arte: Mila Ramos



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