Sampa: Um Manuscrito a Paulicéia
“Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi”
Trecho de Sampa de Caetano Veloso
Estou aqui mergulhado em seu cinza chumbo, preso em uma manhã aquariana, daqui onde eu consigo vislumbrar seus poucos hectares de árvores originárias, a semente do que fora a São Paulo antiga.
Entre as Araucárias, Cambucis, Ipês e Pitangueiras jorra deste chão, a fonte de um passado do sagrado Rio Anhangabaú, Tamanduateí e Tietê A cidade dos Padres Manuel da Nóbrega e Padre Anchieta, a terra dos índios Guaianás cresceu, se desenvolveu e ganhou a nomenclatura do apóstolo Paulo de Tarso, eis o nascimento de São Paulo.
A vila que se transforma em Cidade!
Das casas humildes e do Pátio do Colégio, do primeiro aqueduto ao Chafariz da Misericórdia de Joaquim Pinto de Oliveira (Thebas), a cidade expandiu. Do sofrimento do além mar, imigrantes e escravos construíram os espaços que outros, hoje podem seguir.
A miscigenação construiu…
São Paulo evoluiu...
A cidade fabril…
Lugar que se perdeu na fumaça do passado e no alvorecer trouxe o novo.
A arquitetura que constrói e destrói!
“É que Narciso acha feio o que não é espelho”
Trecho de Sampa de Caetano Veloso
Difícil enxergar em teu amanhecer, um horizonte de cortiços e vielas, os bondes e os pregoeiros, a simplicidade de uma cidade que se transformou e perdeu os ares interioranos, até a sua garoa que existiu já se foi.
“Onde estão teus boêmios,
A sua garoa, cadê seu orvalho?”
Trecho de São Paulo Menino Grande do compositor Geraldo Filme
Os velhos cortiços da 23 de maio não existem mais, a efervescência do Bixiga já não é mais a mesma, as boates e as velhas casas de shows desapareceram, mas a música sobreviveu em seus extremos. Nas comunidades da cidade, o Hip Hop, o samba e suas vertentes cresceram, os bailes blacks e o samba rock seguiram vivos. O viaduto do Chá já não é mais o ponto de encontro, a internet é a ponte para tudo.
“São Paulo que amanhece trabalhando”
Trecho de "Sinfonia Paulista" de Billy Blanco
Neste caldeirão que se transformou esta cidade, eu peço licença para falar diretamente as comunidades dos extremos desta megalópole. O termômetro da musicalidade desta cidade, vem dos seus extremos! Já fora cantarolada por: Noite Ilustrada, Paulo Vanzolini, Talismã, Zeca da Casa Verde e tantos outros poetas…
"Todas ás vezes que eu vejo a lua cor de prata
Fico pensando em poetas trovadores"
Trecho de "Serenata" do compositor Talismã
A cidade dos lambe-lambe, que um dia o poeta citou como túmulo do samba foi a responsável pela explosão desta cultura popular.
Viva Evaristo de Carvalho, Moisés da Rocha e Moraes Sarmento!
Salve Claudinha Alexandre, Gladys Xavier, Heloise Matos, Patricia Liberato, tantos e tantas…
Moraes Sarmento
Moises da Rocha
Claudinha Alexandre
Gladys Xavier
Heloise Matos
Patricia Liberato
Que ajudaram a propagar através do dial este ritmo único, plural
Viva o Beco do Batman, viva as rodas de samba, viva as comunidades …
Neste aniversário de São Paulo, as comunidades fazem seu manifesto através da música!
Lembrar, deixa me lembrar…
Seja Bem vindo, Carnaval!
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