São Paulo e o Carnaval das Emoções
“Quero Cantar, quero sorrir
Esquecer a tristeza nesse Carnaval”
Quero Sambar, Quero Sorrir - Compositor: Marco Aurélio Jangada
Entre confetes e serpentinas, o carnaval se findou! Restou um bocado de saudade e lembranças para rememorar. Em um ano onde São Paulo, teve todas as agremiações do Grupo Especial, construindo vossas alegorias na Fábrica do Samba.
A criatividade foi o ponto alto de cada comunidade. A presença em massa do público em todas as noites de desfile, reforçou a necessidade de um olhar carinhoso para este fenômeno que é o Carnaval paulistano. Seja nos blocos de ruas ou nos desfiles de Escola de Samba espalhados pela cidade, a cidade entrou no clima de folia e mesmo o mau tempo não impediu que a festa tivesse a energia e alegria que ela merece.
Na passarela do samba, os Sambistas se reencontraram com vossos pavilhões e esta reconexão trouxe um misto de carinho e saudade, afinal de contas, o carnaval de 2022 foi em um período adverso e fora de sua época. Um carnaval mais vintage, com um clima mais para São José dos Campos do que para o verão Paulistano. 2022, foi apenas um doce sabor do que poderia vir a frente, um abre alas.
Eis que 2023. uma nova página neste livro de memórias foi aberta, cheia de contos e momentos inesquecíveis, a expectativa foi cumprida à risca. No quesito emoção a nota foi dez!
Este sentimento que é intangível, silencioso e imparcial. Não é julgado, porém foi predominante para este ano ser eternizado com belas apresentações e momentos memoráveis.
O Show tem que continuar!
Em 2022, a Liga das Escolas de Samba ousou e abriu o Carnaval Paulistano com o Grupo de Acesso 2, a estratégia deu certo e claro que epal repetiu a dose, a grande diferença é que o público pode sentir uma noite muito mais agradável que no ano anterior, pois mesmo enfrentando a garoa noturna, nada se compara ao clima frio e gélido do mês de abril de 2022.
Mas para aquecer o assunto, doze escolas se apresentaram no Grupo de Acesso 2, pavilhões pesados, repleto de histórias e de campeonatos, inclusive do Grupo Especial. Uma noite repleta de cores, magia e aquela essência única que só o Carnaval pode trazer.
As escolas apresentaram sambas belíssimos e desfiles marcantes, com todo carinho venho destacar a rica homenagem prestada ao Salgueiro (RJ) pelos seus 70 anos de histórias prestados pela Primeira da Cidade Líder.
A sinfonia de Villa-Lobos foi recordada com maestria pela Dom Bosco de Itaquera.
As sagradas águas de Iemanjá que conduziram os caminhos da Torcida Jovem e o perfume no ar, o aroma que apaixonou a Unidos do Peruche.
No dia (17/02), foi a vez das Escolas de Samba do Grupo Especial abrissem a noite, com um ótimo público, coube a Independente Tricolor abrir os trabalhos, na sequência tivemos a a homenagem a Cidade de Paraty feita pela Acadêmicos do Tatuapé, o respeito aos povos indígenas e a história da tribo Guaicurus da Barroca Zona Sul, as páginas de glórias da Vila Maria, o alerta para mudanças e para os novos tempos através da Rosas de Ouro com o enredo Kindala, as mães negras da Tom Maior e as religiões no olhar dos Gaviões da Fiel.
Foto de Nelson Gariba
No sábado (18/02), o humor abriu os caminhos da Estrela do Terceiro Milênio, os caminhos de Bezerra da Silva vieram nas trilhas da Acadêmicos do Tucuruvi, o povo nordestino foi celebrado no xaxado da Mancha Verde, os tambores africanos da Império de Casa Verde esquentaram a noite para a saga do samurai Yasuke ser cantada pela Mocidade Alegre.
Um pedacinho do céu foi entoado pela Águia de Ouro e a alegria da Paraíba foi cantada no amanhecer da Dragões da Real.
Em um carnaval onde São Pedro não deu trégua, o sorriso dos foliões foi acalanto, um guarda chuva repleto de alegrias e momentos para recordar.
O samba de São Paulo celebrou a vitória da Mocidade Alegre que alcançou o seu 11° título e viu reacender a chama de velhos carnavais com o retorno de Vai Vai e Camisa Verde e Branco para o Grupo Especial.
No Grupo de Acesso 2, os belos desfiles de Torcida Jovem e Dom Bosco conquistaram o direito de estarem na briga pelas duas vagas no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo em 2025 (ambas as escolas estarão no Grupo de Acesso 1 em 2024).
Em um Carnaval repleto de magia, claro que várias mensagens foram soltas pelo ar, o respeito às Velhas Guardas do Samba, à manutenção das raízes, à preservação da cultura entre outros.
A lenda de Yasuke cantada pela Morada do Samba, mostrou que todo negro pode ser o que quiser e neste dia de folia, o negro celebrou o retorno de dois Quilombos enraizados no centro de São Paulo: Barra funda e Bixiga.
Dois terreiros importantes para manutenção das raízes do samba e que guardam em cada um dos seus integrantes, um pedaço deste legado histórico.
Agora que confete e serpentina não mais salpicam pelo ar…o que resta de nós?
Nós ficamos por aqui, celebrando e recordando os grandes momentos que somente o carnaval nos proporciona. No Carnaval das emoções, o que ficou foi a saudade e o que nos resta é aplaudir e celebrar…
"É carnaval é hora de sambar
Peço licença ao sofrimento
Depois eu volto pro meu lugar"
Canção: Depois eu volto - compositor: Batatinha e J.Luna
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