Supersônicas

“Segundo Pauleira” é manifesto contra a caretice

por Tárik de Souza

quarta, 11 de outubro de 2017

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Fundador dos grupos vocais Céu da Boca e Arranco de Varsóvia, o compositor, pianista, arranjador e cantor Paulo Malaguti não tem o apelido de Pauleira à toa. Foi baterista de rock nos primórdios (na linha do Stone Charlie Watts, o beatle Ringo Starr e o zeppelino John Bonham) e no novo disco, Segundo Pauleira (Mills) advoga “o espírito libertário dos anos sessenta de Londres e Rio de Janeiro”.

Junta as duas correntes: “eu persigo o núcleo duro da MPB, tenho que honrar o meu apelido roqueiro”, garante Paulo Malaguti Pauleira. E dispara:

“Quero a pegada que morde com harmonia, assalta os ouvidos melódicos e derruba a caretice golpista burra e atrasada”.


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Após a recém lançada parceria com o cantor Augusto Martins, o refinado disco tributo “Piano, voz e Jobim”, PMP parte para o “bundalelê”. É o que exorta no “baião jazz” “Vamo pro Bunda”, uma das faixas de seu solo autoral, com participação da Orquestra Criola, de Humberto Araujo: “Vamo pro bundalelê, menina/ vamo aprender o barato bacana/ vamo esquecer o barraco muquirana”. É a faixa mais “pauleira” do roteiro, que pega mais leve (apesar da sugestão do título) em “Fuga das ilhas Sunda” (parceria com Fabio Girão), outra com participação dos músicos da Criola.

Clara Sandroni empresta o vocalise para “A solidão das prateleiras”, essencialmente instrumental, como o aliciante samba de gafieira “Nem choro nem vela”, mais um com convidados da Criola. Além do vocal, Guinga encordoa ao violão a etérea “Um presente e o futuro”, que adiciona ainda o clarinete de Joana Queiroz, mais voz e piano acústico de Pauleira.

O combativo maracatu “Lá vem de novo” (“desçam dos castelos/ dessa contramão/ voltem pro buraco da televisão/ lá vem a canalha de novo/ não vão passar”) une as vozes de Lenine e o MPB-4. O disco tem ainda “Cordão de prata”, poema inédito da escritora Helena (irmã de Tom) Jobim musicada pelo solista, faixa gravada com o Arranco de Varsóvia. 

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