Silvia Machete veste Eduardo Dussek, numa performance além da música

Compositor, cantor, pianista e performer de originalidade pouco enquadrável nos escaninhos da MPB, o carioca Eduardo Dussek manteve-se como um case de sucesso fora dos padrões. Sua música multiforme e exuberante, com letras satíricas e hiperbólicas, dele ou de parceiros como Luiz Carlos Góes e Luiz Antonio de Cássio, soam sob medida para outra outsider, a cantora, compositora, ilusionista e acrobata (exímia no giro do bambolê) Silvia Machete.

Carioca que viveu como artista de circo e street performer nas ruas de Nova Iorque, São Francisco, nos EUA e Paris, na França, ela lança o DVD “Dussek veste Machete” (Biscoito Fino). O homenageado tem participação especial na locução de abertura e nos dois números finais, “Anjo da cena” e “Moderno pássaro andante”. Acompanhada apenas pelo piano de Danilo Andrade, um notório discípulo de Dussek, Silvia faz um show tipo cabaré punk com vinhetas visuais entre as músicas, onde ela aparece comendo macarrão entre outras atividades off-show.

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De pernas para o ar, ela encena sapatear bongôs no clássico bolero “Quizás, quizás, quizás” (Osvaldo Farrés), uma das intromissões de composições alheias a obra do celebrado. Há ainda pérolas das divas transgressivas, Ângela Ro Ro (“Tango da bronquite”) e Amy Winehouse (“Back to Black”, com Mark Ronson), o “momento rock’n’ roll”, na ancestral “Great balls of fire” (Otis Blackwell/ Jack Hammer), hit do pioneiro Jerry Lee Lewis, de 1957, e o tema estilo circense “Holiday for strings” (David Rose) para as peripécias da solista com bambolês. Composição dela, em “2 cachorros”, a própria Machete se acompanha ao violão. Além das supra citadas, com pitadas de malícia e sensualidade, emissão maleável e teatral, ela ainda singra o Dussek (& parceiros) de “Aventura”, “Saga”, “A índia e o traficante”, “Chocante”, “Ele não sabia de nada” e “Cabelos negros”.