Música

Thiago Pethit apresenta o Brasil de 2019 em 'Mal dos Trópicos'

Quarto álbum do artista marca seu retorno cinco anos após o sucesso de Rock’n’Roll Sugar Darling (2014), disco que celebrava a rebeldia, o hedonismo e a diversidade

sexta, 29 de março de 2019

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Uma das vozes mais potentes da música no Brasil, Thiago Pethit, lança o seu aguardado quarto disco. 'Mal dos Trópicos' (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação) foi gravado em 2018 nos estúdios Diogo Strausz e Trampolim, conta com colaborações especiais, como Maria Beraldo tocando clarinete, e foi produzido e arranjado por Diogo Strausz, que estreia uma parceria promissora com Pethit. Como sugere o título, Mal dos Trópicos, é um conjunto de canções para tempos escuros. Junto com o álbum em todas as plataformas streaming, ele também lança uma série de áudio vídeos, dirigidos por Camila Cornelsen e com direção de arte da ManMade.

Ao longo das nove faixas do álbum, o músico e ator paulistano canta sobre a ausência de amor e esperança em uma São Paulo mitológica, onde lugares reais, como a Praça da República e o Edifício Copan, viram cenários para Pethit recriar o mito de Orfeu. Com o subtítulo Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação, o disco reimagina o herói grego, cantor e poeta como um personagem urbano. Voltando de sua temporada no inferno em busca de Eurídice, ele se depara com um país em luto em pleno Carnaval, enfrenta seus demônios nas ruas da República e tem seu coração devorado pelas Bacantes nos bares da Consolação

Mal dos Trópicos se inspira em clássicos do jazz, nas composições eruditas de Villa-Lobos, nas batidas do trip hop e nas poesias do paulistano Roberto Piva, poeta maldito dos anos 70/80. Além disso, tem participação orquestral do violista Marcelo Jaffé e de músicos do reverenciado Quarteto da Cidade de São Paulo, além do pianista pernambucano Zé Manoel, da cantora e compositora Maria Beraldo no clarinete, sua irmã, Marina Beraldo Bastos na flauta e Badé na percussão. O resultado são canções atmosféricas, de clima cinematográfico, e, ainda assim, profundamente brasileiras. 

Na capa, com direção de arte de Pedro Inoue, parceiro de longa data de Pethit, eles produziram o que seria uma espécie de achado arqueológico.

"A ideia veio do Pedro Inoue. Eu ‘quebrado e eternizado’, como se tivéssemos encontrado um achado arqueológico do período clássico e que pudesse se parecer comigo. Primeiro fizemos as fotos. Uma tarde de fotos em 360 graus, imóvel, com Rafael Barion. Depois as imagens foram computadorizadas pelo CLAN VFX e transformadas em um arquivo 3D. E por fim, o processo final de tratamento de imagem do Nicolas Leite, que foi o mais complicado. Pois esculturas têm uma feição própria e não exatamente humanas. Então, o processo foi basicamente esculpir uma estátua com características do período clássico, mas que ainda assim tivesse algo da minha feição", conta.

FAIXA A FAIXA

Abre-Alas é a primeira música do álbum e, como uma espécie de overture para óperas teatrais, a canção de apenas dois versos, faz referência ao retorno de Pethit à música, depois de quase cinco anos longe dos estúdios. "Este anúncio de canções para tempos sombrios tem arranjo orquestral inspirado nas obras de Heitor Villa-Lobos, e no mito grego abrasileirado por Vinicius de Moraes, em Orfeu da Conceição", conta Thiago. Participam da gravação músicos renomados, como o violista Marcelo Jaffé, o Quarteto da Cidade de São Paulo, além da artista Maria Beraldo tocando clarinete.

Amor, ruínas e solidão. Em Noite Vazia, surgem menções poéticas à simbologia pagã e mitos gregos, como a Medusa e o Labirinto de Minotauro. "Eu não escrevo canções de amor. Mas canções sobre a ausência ou sobre a falta do amor. Sobre o abandono, o pedido de retorno, o lamento e a dor. Quando escrevo sobre amor, escrevo mais sobre mim do que sobre o outro. É sobre a solidão mais do que sobre amar. Noite Vazia fala sobre isso", conta o artista. A música foi feita em parceria com Diogo Strausz, responsável também pelo arranjo de cordas e tem novamente a participação de Marcelo Jaffé, do Quarteto da Cidade de São Paulo, além do pianista e compositor pernambucano, Zé Manoel no piano rhodes. A canção foi a primeiro música lançada antes do álbum, a capa do single foi assinada pelo artista plástico, Samuel D'Saboia.

Com arranjo orquestral de cordas e sopros inspirados nos filmes noir e de espionagem dos anos 40, no jazz e nas batidas de trip hop, a canção seguinte, Me Destrói, é também sobre abandono e (auto)destruição. Participam da faixa Marcelo Jaffé, o Quarteto da Cidade de São Paulo e Maria Beraldo, além de sua irmã Marina Beraldo Bastos, na flauta.

Orfeu é uma música de poesia e arranjo sugestivamente lisérgicos que tem na cidade de São Paulo o cenário para a recriação do mito grego romântico do poeta e cantor que perde seu amor e, ao retornar do mundo dos mortos, tem o coração devorado pelas Bacantes (pelos bares da Consolação). No piano de armário, a faixa conta novamente com a participação de Zé Manoel.

A quinta canção do álbum, Teu Homem, trata-se de uma súplica de amor no fim do mundo. "A canção tem clima apocalíptico e o arranjo inspirado no cinema de espionagem, jazz e nas batidas de trip-hop", diz Pethit. Mais uma vez, Maria Beraldo no clarinete e Marina Beraldo Bastos na flauta.

Inspirada pelo standard clássico de jazz, Cry Me a River, Rio é um desastre tropical em forma de súplica amorosa. "Tsunamis, tufões e outras tragédias naturais são embaladas em ritmo de bossa nova e jazz como mais uma súplica por um amor perdido", reflete Pethit. E, na sequência, Nature Boy é uma versão da música escrita por Eden Abhez, um precursor da filosofia hippie nos anos 40 e 50. "Esse standard de jazz sempre foi uma das minhas músicas prediletas", entrega o artista. A história do encontro com o garoto sábio, mágico e conhecedor do amor, é cantada a capella sob arranjo vocal, que teve participação especial do sexteto Seis Canta.

A oitava música leva o mesmo título do álbum e narra o trágico, porém esperançoso, final da trajetória heroica deste Orfeu urbano. Mal dos Trópicos é composição de Pethit com trechos da obra do poeta brasileiro Roberto Piva. Traz ainda Liana Padilha, poeta e cantora da banda NoPorn, em parceria na letra do poema falado. "Após uma temporada no inferno, o último dos poetas retorna ao mundo dos vivos, canta as dores de seu amor perdido, o luto, a destruição e o abandono. Encontra na República uma tribo de Bacantes que terminam por devorá-lo em frente a boate L´amour", relata o compositor. O arranjo tem batidas de trip hop tropical, orquestração épica inspirada em Heitor Villa Lobos e clássicos do jazz, além de Manhã de Carnaval - de Luiz Bonfá, clássico do filme Orfeu Negro. Na gravação, Marcelo Jaffé, o Quarteto da Cidade de São Paulo e Maria Beraldo também participam, além de Badé na percussão.

Samba de Orfeu (Mal dos Trópicos Instrumental) é a faixa bônus do disco e apresenta uma versão instrumental orquestrada da música anterior. Aqui fica ainda mais explícita a inspiração em obras como os Choros, de Villa Lobos e os sambas da trilha de Orfeu Negro, de Luiz Bonfá. As participações especiais são as mesmas de Mal dos Trópicos.

PARA OUVIR
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iTunes e Apple Music

FICHA TÉCNICA
Produzido e mixado por Diogo Strausz
Masterizado por Fernando Sanches no Estúdio El Rocha
Gravado nos estúdios Diogo Strausz e Trampolim, entre junho e novembro de 2018. 

FAIXA A FAIXA
1 - Abre-Alas
Letra - Thiago Pethit 
Música - Thiago Pethit e Diogo Strausz
Vozes - Thiago Pethit 
Arranjo - Diogo Strausz
Violino 1 - Betina Stegmann
Violino 2 - Nelson Rios
Viola - Marcelo Jaffé
Cello 1 - Rafael Cesario
Cello 2 - Bob Suetholz
Contrabaixo - Thiago Hessel
Clarinete - Maria Beraldo
Trombone baixo - Jaziel Gomes
Trombone - Jorginho Neto
Trompete - Paulo Jordão
Trompa - Francisco Duarte
Trompete - Daniel D´Alcântara

2 - Noite Vazia
Letra - Thiago Pethit 
Música - Thiago Pethit e Diogo Strausz
Vozes - Thiago Pethit 
Arranjo, baixo elétrico e guitarra - Diogo Strausz
Piano rhodes - Zé Manoel
Violino 1 - Betina Stegmann
Violino 2 - Nelson Rios
Viola - Marcelo Jaffé
Cello 1 - Rafael Cesario
Cello 2 - Bob Suetholz
Contrabaixo - Thiago Hessel
Trombone baixo - Jaziel Gomes
Trombone - Jorginho Neto
Trompete - Paulo Jordão
Trompa - Francisco Duarte
Trompete - Daniel D´Alcântara

3 - Me Destrói
Letra e música - Thiago Pethit 
Vozes - Thiago Pethit 
Arranjo, baixo elétrico e percussão - Diogo Strausz
Violino 1 - Betina Stegmann
Violino 2 - Nelson Rios
Viola - Marcelo Jaffé
Cello 1 - Rafael Cesario
Cello 2 - Bob Suetholz
Contrabaixo - Thiago Hessel
Clarinete - Maria Beraldo
Flauta - Marina Beraldo Bastos
Trombone baixo - Jaziel Gomes
Trombone - Jorginho Neto
Trompete - Paulo Jordão
Trompa - Francisco Duarte
Trompete - Daniel D´Alcântara

4 - Orfeu
Letra e música - Thiago Pethit 
Vozes - Thiago Pethit 
Piano de armário - Zé Manoel
Arranjo, baixo elétrico, violão e bateria - Diogo Strausz

 5 - Teu Homem
Letra e música - Thiago Pethit 
Vozes - Thiago Pethit 
Arranjo, baixo elétrico e guitarra - Diogo Strausz
Clarinete - Maria Beraldo
Flauta - Marina Beraldo Bastos
Trombone baixo - Jaziel Gomes
Trombone - Jorginho Neto
Trompete - Paulo Jordão
Trompa - Francisco Duarte
Trompete - Daniel D´Alcântara

6 - Rio
Letra e música - Thiago Pethit 
Vozes - Thiago Pethit
Arranjo e violão de nylon - Diogo Strausz
Trombone baixo - Jaziel Gomes
Trombone - Jorginho Neto
Trompete - Paulo Jordão
Trompa - Francisco Duarte
Trompete - Daniel D´Alcântara

7 - Nature Boy
Letra e música - Eden Abhez
Licenciado por Warner/Chappel edições musicais
Arranjo vocal - Diogo Strausz
Voz principal - Thiago Pethit
Vozes coro - Seis Canta (grupo vocal)
Raquel Bernardes / Everton Dantas / Wilson Alves / Paula Zeferino / Aninha Ferrini / Amanda Temponi

8 - Mal dos Trópicos
Autores - Thiago Pethit, Liana Padilha e Roberto Piva
Música - Thiago Pethit
Vozes - Thiago Pethit
Arranjo - Diogo Strausz
Violino 1 - Betina Stegmann
Violino 2 - Nelson Rios
Viola - Marcelo Jaffé
Cello 1 - Rafael Cesario
Cello 2 - Bob Suetholz
Contrabaixo - Thiago Hessel
Clarinete - Maria Beraldo
Trombone baixo - Jaziel Gomes
Trombone - Jorginho Neto
Trompete - Paulo Jordão
Trompa - Francisco Duarte
Trompete - Daniel D´Alcântara
Percussão samba - Badé

9 - Mal dos Trópicos - Samba de Orfeu (Instrumental)
Música - Thiago Pethit
Voz - Thiago Pethit
Arranjo - Diogo Strausz
Violino 1 - Betina Stegmann
Violino 2 - Nelson Rios
Viola - Marcelo Jaffé
Cello 1 - Rafael Cesario
Cello 2 - Bob Suetholz
Contrabaixo - Thiago Hessel
Clarinete - Maria Beraldo
Trombone baixo - Jaziel Gomes
Trombone - Jorginho Neto
Trompete - Paulo Jordão
Trompa - Francisco Duarte
Trompete - Daniel D´Alcântara
Percussão samba - Badé

CAPA 
Direção de Arte e Design: Pedro Inoue
Foto: Rafael Barion
Arte 3D: Clan VFX

DISCOGRAFIA
Berlim, Texas (2010)
Estrela Decadente (2012)
Rock'n'Roll Sugar Darling (2014)
Mal dos Trópicos (A Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação) (2019)

SOBRE THIAGO PETHIT

Com quatro discos no currículo e um EP, além de vários shows pelo Brasil, Thiago Pethit se destaca em diversas plataformas artísticas, além da música, como o cinema (em 2016, estrelou como o protagonista Diego no primeiro-longa metragem dirigido por Vera Egito, Amores Urbanos) e a moda. Sua trajetória teve início com o EP Em Outro Lugar (2008), lançado no mesmo ano em que Pethit abriu os shows de Bonnie Prince Billy (Will Oldham), Jens Lekman e Beirut. 

Dois anos depois, Berlim, Texas (2010), seu disco de estreia, produzido por Yury Kalil, rendeu o prêmio Aposta MTV no VMB, antiga premiação da MTV Brasil. Estrela Decadente (2012), seu álbum seguinte, contou com a produção de Kassin e participações de Mallu Magalhães e Cida Moreira. A turnê final do disco deu-se por uma série de cinco shows em Paris, no Jardin D’Acclimatation, do grupo Louis Vuitton Moët Hennessy. 

No ano seguinte, Pethit uniu-se ao diretor de cinema Heitor Dhalia na produção do clipe curta metragem da canção Moon, que catapultou a carreira do artista. Um ano depois, lançou o terceiro álbum, Rock ‘n’ Roll Sugar Darling (2014). O disco trouxe a participação especial de Joe Dallesandro, ator fetiche de Andy Warhol, personagem da música Walk  on the Wild Side, de Lou Reed e capa do disco Sticky Fingers, dos Rolling Stones. O disco ganhou dois clipes, Romeo e 1992, ambos filmados em Los Angeles. Atualmente, ele prepara o lançamento de Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação), seu quarto disco.


Encaminhado por: Assessoria de Comunicação Café 8
Fonte da imagem: foto de Capa de Mal dos Trópicos por Pedro Inoue

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