Thiago Pethit apresenta o Brasil de 2019 em 'Mal dos Trópicos'
Quarto álbum do artista marca seu retorno cinco anos após o sucesso de Rock’n’Roll Sugar Darling (2014), disco que celebrava a rebeldia, o hedonismo e a diversidade
Uma das vozes mais potentes da música no Brasil, Thiago Pethit, lança o seu aguardado quarto disco. 'Mal dos Trópicos' (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação) foi gravado em 2018 nos estúdios Diogo Strausz e Trampolim, conta com colaborações especiais, como Maria Beraldo tocando clarinete, e foi produzido e arranjado por Diogo Strausz, que estreia uma parceria promissora com Pethit. Como sugere o título, Mal dos Trópicos, é um conjunto de canções para tempos escuros. Junto com o álbum em todas as plataformas streaming, ele também lança uma série de áudio vídeos, dirigidos por Camila Cornelsen e com direção de arte da ManMade.
Ao longo das nove faixas do álbum, o músico e ator paulistano canta sobre a ausência de amor e esperança em uma São Paulo mitológica, onde lugares reais, como a Praça da República e o Edifício Copan, viram cenários para Pethit recriar o mito de Orfeu. Com o subtítulo Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação, o disco reimagina o herói grego, cantor e poeta como um personagem urbano. Voltando de sua temporada no inferno em busca de Eurídice, ele se depara com um país em luto em pleno Carnaval, enfrenta seus demônios nas ruas da República e tem seu coração devorado pelas Bacantes nos bares da Consolação.
Mal dos Trópicos se inspira em clássicos do jazz, nas composições eruditas de Villa-Lobos, nas batidas do trip hop e nas poesias do paulistano Roberto Piva, poeta maldito dos anos 70/80. Além disso, tem participação orquestral do violista Marcelo Jaffé e de músicos do reverenciado Quarteto da Cidade de São Paulo, além do pianista pernambucano Zé Manoel, da cantora e compositora Maria Beraldo no clarinete, sua irmã, Marina Beraldo Bastos na flauta e Badé na percussão. O resultado são canções atmosféricas, de clima cinematográfico, e, ainda assim, profundamente brasileiras.
Na capa, com direção de arte de Pedro Inoue, parceiro de longa data de Pethit, eles produziram o que seria uma espécie de achado arqueológico.
"A ideia veio do Pedro Inoue. Eu ‘quebrado e eternizado’, como se tivéssemos encontrado um achado arqueológico do período clássico e que pudesse se parecer comigo. Primeiro fizemos as fotos. Uma tarde de fotos em 360 graus, imóvel, com Rafael Barion. Depois as imagens foram computadorizadas pelo CLAN VFX e transformadas em um arquivo 3D. E por fim, o processo final de tratamento de imagem do Nicolas Leite, que foi o mais complicado. Pois esculturas têm uma feição própria e não exatamente humanas. Então, o processo foi basicamente esculpir uma estátua com características do período clássico, mas que ainda assim tivesse algo da minha feição", conta.
FAIXA A FAIXA
Abre-Alas é a primeira música do álbum e, como uma espécie de overture para óperas teatrais, a canção de apenas dois versos, faz referência ao retorno de Pethit à música, depois de quase cinco anos longe dos estúdios. "Este anúncio de canções para tempos sombrios tem arranjo orquestral inspirado nas obras de Heitor Villa-Lobos, e no mito grego abrasileirado por Vinicius de Moraes, em Orfeu da Conceição", conta Thiago. Participam da gravação músicos renomados, como o violista Marcelo Jaffé, o Quarteto da Cidade de São Paulo, além da artista Maria Beraldo tocando clarinete.
Amor, ruínas e solidão. Em Noite Vazia, surgem menções poéticas à simbologia pagã e mitos gregos, como a Medusa e o Labirinto de Minotauro. "Eu não escrevo canções de amor. Mas canções sobre a ausência ou sobre a falta do amor. Sobre o abandono, o pedido de retorno, o lamento e a dor. Quando escrevo sobre amor, escrevo mais sobre mim do que sobre o outro. É sobre a solidão mais do que sobre amar. Noite Vazia fala sobre isso", conta o artista. A música foi feita em parceria com Diogo Strausz, responsável também pelo arranjo de cordas e tem novamente a participação de Marcelo Jaffé, do Quarteto da Cidade de São Paulo, além do pianista e compositor pernambucano, Zé Manoel no piano rhodes. A canção foi a primeiro música lançada antes do álbum, a capa do single foi assinada pelo artista plástico, Samuel D'Saboia.
Com arranjo orquestral de cordas e sopros inspirados nos filmes noir e de espionagem dos anos 40, no jazz e nas batidas de trip hop, a canção seguinte, Me Destrói, é também sobre abandono e (auto)destruição. Participam da faixa Marcelo Jaffé, o Quarteto da Cidade de São Paulo e Maria Beraldo, além de sua irmã Marina Beraldo Bastos, na flauta.