Música

Vida de Francisco Mário é contada em documentário

quarta, 30 de junho de 2021

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“Chico Mário, a Melodia da Liberdade” lembra a trajetória de um músico inquieto, sensível e impregnado de brasilidade, que foi reconhecido por seus pares como um dos mais talentosos do seu tempo e que, hoje, precisa ser descoberto por quem gosta de música de qualidade. Francisco Mário de Souza (1948-1988) tinha um DNA marcadamente mineiro e uma forte vertente instrumental, mas era fluente em vários idiomas da música brasileira, do popular ao erudito, e apostou na diversidade de ritmos, estilos e formas harmônicas. 

Compositor e violonista com uma imaginação sempre em ebulição, percorreu caminhos melódicos da música clássica e da nordestina, do choro, do samba, em uma catarse que resultou em oito discos autorais em apenas nove anos. Irmão do cartunista Henfil e do sociólogo Betinho, Chico Mário teve trajetória marcada pelo sentido de urgência que a hemofilia impõe aos seus portadores. Assim como seus irmãos, foi contaminado pelo vírus da AIDS no final dos anos 1980 em uma transfusão de sangue.

Seus 39 anos foram de luta pela vida, por uma sociedade mais justa e pela música No final dos anos 1970, quando a música instrumental não encontrava espaço nas rádios e gravadoras, Chico Mário abriu espaço para o gênero. Foi fiel aos seus ideais de não compor apenas para atender à dinâmica do mercado fonográfico, mas sim em função das suas inquietações como artista. 


Em sua curta, mas intensa carreira musical, fez parcerias com artistas como Joyce, Antonio Adolfo, Aldir Blanc, Ivan Lins e Danilo Caymmi. Foi um dos nomes centrais do movimento pela música independente e precursor do financiamento coletivo, que hoje chamamos de crowdfunding. Sem fazer concessões ao mercado de consumo, costumava dizer que Bach só foi reconhecido cem anos depois da sua morte. 

O documentário conta com a participação da Orquestra Ouro Preto, que homenageou o artista com o concerto “Ressurreição: Chico Mário 70 anos”, apresentado no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, em 2018. O cantor e compositor Lenine e a atriz Bárbara Paz leem trechos de diários e cartas de Chico Mário. Seus filhos Marcos, que assina a idealização do projeto, e Karina Souza interpretam canções. Os violonistas Gilvan de Oliveira, Geraldo Vianna, Weber Lopes e João Camarero falam sobre a importância de Chico Mário para a canção e para a música instrumental e também interpretam músicas. Familiares e amigos de longa data, como o crítico musical Tárik de Souza e o músico e arranjador Jaime Alem, participam do documentário, que foi um convite da família Souza ao cineasta Silvio Tendler.

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