Supersônicas

Xangai difunde e apresenta ases baianos em “Catingueiros”

por Tárik de Souza

sexta, 26 de janeiro de 2018

Compartilhar:

Cantador de entonação chorona e timbre peculiar, Eugenio Avelino, o Xangai, baiano de Itapebi, construiu uma carreira sólida longe das vertentes popularescas da música de seu Estado. Foi apresentador do programa “Brasileirança” (TVE e Rádio Educadora, BA), onde recebia artistas regionais ligados à chamada música de raiz. Seu novo projeto, a webserie “Catingueiros”, interpreta e comenta a obra de quatro compositores conterrâneos: o armorial Elomar Figueira de Melo, de quem é um dos mais assíduos difusores, o repentista, cordelista, sambador e tiraneiro Bule-Bule, figura emblemática da cultura popular; Mateus Aleluia, remanescente da formação original do trio vocal/autoral Os Tincoãs, ligado a música afro religiosa baiana, e Gordurinha, dublê de humorista e compositor, co-autor do megaclássico “Chiclete com banana”.

Além da série (veiculada no YouTube e no endereço www.xangaiemcatingueiros.com.br) foi editado um CD com 12 canções, três de cada autor enfocado. De Elomar, Xangai recria “A meu Deus um canto novo”, “Puluxia das sete portas” e “Incelença do amor retirante”. Bule-Bule comparece em saborosos duetos com Xangai na satírica “A máquina de lavar roupa” e na maliciosa “Que moça bonita é aquela”. Há ainda a solerte “Cancela do Sossego” (“o cavalo do destino refugou comigo/ quase eu caio no buraco da separação/ veio a corda do ciúme me enrolou no braço/ no repuxo que me deu, quase arranca a mão”), bordada pelo “violão pinicadinho” do anfitrião. A Mateus Aleluia, Xangai pergunta quem é Nanã (“que ocupa o Templo de Savalu no Benin. É uma Entidade Primeira, que veio enquanto a terra se formava”), antes dele reviver o mítico “Cordeiro de Nanã”, que foi gravado até pelo trio conterrâneo João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Do repertório dos Tincoãs ainda entram “Promessa ao Gantois” e “Deixa a gira girar”. Gordurinha é evocado na pungente “Súplica cearense”, na sarcástica “Orora analfabeta” e no ensaboado “Mambo da Cantareira”.    

Comentários

Divulgue seu lançamento