Música

Xisto Bahia: 180 anos do autor da primeira música brasileira gravada

Por: Lucas Vieira

sexta, 06 de agosto de 2021

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Em 1891, o imigrante checo Frederico Figner chegou ao Brasil trazendo o fonógrafo de Thomas Edison, o primeiro dispositivo capaz de gravar e reproduzir sons, criado em 1877. Após apresentar a invenção para entusiastas e assim conhecer o interesse do público pela novidade, o empresário abriu em 1900 a primeira gravadora brasileira, no Rio de Janeiro: a Casas Edison.

Foto: o fonógrafo de Thomas Edison e os cilindros fonográficos

Depois de experimentos de mercado com os cilindros fonográficos, feitos de cera, Figner abriu uma fábrica para produzir os primeiros discos de goma-laca comercializados no Brasil. Nascia assim a Odeon, que prensou a primeira gravação de uma música brasileira, o lundu “Isto É Bom”, composição de Xisto Bahia registrada na voz de Bahiano, responsável também por mais tarde lançar o primeiro samba no mercado fonográfico, "Pelo Telefone".



Nascido em Salvador em 6 de agosto de 1841, Xisto de Paula Bahia foi ator, músico e compositor de muita popularidade no século XIX. Sua criação musical teve destaque no lundu, gênero da música popular afro-brasileira caracterizada pela dança de mesmo nome e pelo uso de instrumentos solistas.

Apenas com formação primária e sem estudo formal de música, Xisto foi compositor autodidata, filho de Tereza de Jesus Maria do Sacramento Bahia e do major do exército Francisco de Paula Bahia. Além da música, destacou-se como ator e dramaturgo, tendo se apresentado em diversos estados do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil, além de ter trabalhado como escrevente na penitenciária de Niterói e comerciante.

Após 1822, com a independência do Brasil, a Freguesia de Santo Antônio de Além do Carmo, região de Salvador onde Xisto Bahia nasceu, tornou-se um reduto de seresteiros, músicos da noite e boêmios, ambiente que influenciou em seu desenvolvimento musical. Eram populares nesse período gêneros musicais como a modinha e o lundu, canções de tons melancólicos e  de influência africana que falavam sobre as relações de classes.

Xisto atuou dentro desse cenário com modinhas sentimentais, compondo também sobre temas sensuais e, em certas ocasiões, usando tom cômico, brincalhão. O mesmo artista que musicou versos do poeta pernambucano Plínio de Lima (“Quis Debalde Varrer-te da Memória”), fez então considerada brincadeira com o balanço da saia de Carolina que, em suas palavras era “bom que dói”.

Em 1902, quando Manuel Pedro dos Santos, o Bahiano de Santo Amaro da Purificação, gravou “Isto é Bom”, Xisto Bahia já havia falecido. Em 1894, aos 53 anos, o artista morreu após se internar em um hospital na região de Caxambu, em Minas Gerais. Mesmo sem ter visto sua composição mais famosa gravada, o compositor deixou legado eterno na música brasileira, que teve sua memória musical em áudio iniciada através da sua criação.

Texto por: Lucas Vieira

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